Sentada sozinha na calçada com a cabeça encostada em seus joelhos e os braços em volta de suas pernas, friamente só conseguia pensar em como aquilo podia ter acontecido com ela, afinal tudo parecia ser tão perfeito, tudo estava em seu devido lugar... mas agora? A sua vida é uma completa bagunça, mal conseguia pensar direito e isso a estava deixando agoniada a cada segundo que se passava, precisava mesmo de um tempo para si mesma.
Levantou sua cabeça, olhou em volta... Era surpreendentemente torturante como todo e qualquer lugar que ela olhava, enxergava seu rosto em pedaços, ele, ali, se desmontando a sua frente, pela primeira vez sem deixar que o orgulho o dominasse, dizendo sofrida e pausadamente: Porque faz isto comigo?
Ela virou as costas para aquele pensamento assim como fizera quando ouvira essas palavras na semana passada.
Levantou-se devagar, foi andar, tropeçou em uma pequena pedra e balbuciando algo que nem ela entendera, atirou-a bem longe, quem sabe isso aliviaria a (culpa) dor. O mundo havia se tornado um poderoso estranho para ela, e ficava se questionando a todo instante: Porque isso? Porque agora? O que eu fiz de errado?
Entrou desperadamente em sua casa, precisava dormir, queria dormir, queria que aquilo tudo fosse um sonho, então entrou correndo pela porta de casa e sem falar com ninguém se trancou em seu quarto, abraçou-se a seu melhor amigo, o travesseiro e caiu num sono lento e profundo. Primeiro teve a impressão de estar caindo e quando levantou, sua mãe a disse: você sabe que não fez a coisa certa, não ouça o que algumas pessoas dizem, elas sentem inveja, elas querem te ver mal, não as ouça, siga seu coração, filhinha.
Acordou assustada, levantou correndo, desceu as escadas em pulinhos e ao chegar lá embaixo se deparou com a sua mãe com cara de confusa em frente a porta dizendo:
- Aonde pensa que vai mocinha?
- Vou fazer a coisa certa.
Passou pela sua mãe e em seguida pela porta e saiu correndo pela rua a caminho do lugar onde costumava ir todos os sábados e domingos durante um bom tempo. Conhecia bem o caminho.
Apertou o interfone e disse o numero 3 em meio a sua respiração irregular.
Correu até o elevador e apertava o botão com muita rapidez como se isso fosse mesmo fazer com que ele chegasse mais rápido.
Sai do elevador e lá está ele com o sorriso de sempre.
Ela cansada e muito aliviada ao mesmo tempo disse sem hesitar:
- Precisamos conversar...